A queda dos mercados, desde o chegada do coronavírus,vem  assustando os investidores em um segmento em que as notícias e consequências práticas acabam se espalhando mais rápido que o surto da doença. Antes mesmo de tomar as proporções de uma pandemia, a queda das Bolsas pelo mundo preocupavam e refletiam o pessimismo global. 

Entre o dia 24 de janeiro, um dia depois do fechamento da cidade chinesa de Wuhan para conter o avanço do novo coronavírus, na época ainda uma epidemia, até o início de março, o índice Bovespa caiu quase 30% e a cotação do dólar subiu cerca de 14%.

De lá para cá, as discussões sobre os impactos econômicos decorrentes da COVID- 19 não param. O que causa um clima de grande incerteza misturado com alguns temores para os investidores. A boa notícia é que dá para conter o pânico e acalmar os ânimos.

Para ajudar com isso, a nossa série sobre as tendências para a vida pós-pandemia aborda as expectativas para os investimentos no “novo normal”. Vamos refletir sobre os desdobramentos significativos desse período, além dos possíveis cenários e as oportunidades para os investidores durante e depois da quarentena.

Aqui você pode conferir nosso texto que fala sobre como a pandemia afeta a abertura da sua empresa, além de todos os demais impactos do plano do governo nas empresas e na economia brasileira.

A economia e os investimentos

Antes de começar a falar sobre as saídas ou possibilidades para os poupadores ou empreendedores, a discussão gira em torno das oscilações e catalisadores para recessão econômica e, consequentemente, os seus efeitos nos investimentos.

Em um ritmo acelerado, o agravamento da pandemia causa queda expressiva dos ativos financeiros e pulveriza os ganhos. Pouco tempo é suficiente para uma desorganização da economia. 

Se fosse para recapitular essa desordem em uma breve linha do tempo de eventos mais significativos, é possível resumir em alguns episódios. Um dos momentos indica uma queda da oferta com a falta de componentes para a fabricação de produtos industrializados. Na sequência, existe a preocupação com os preços das commodities. 

A paralisação das empresas chinesas afeta a cadeia produtiva de grandes companhias. O impacto momentâneo reduz gradativamente a demanda por bens e serviços. Outro efeito negativo acontece nas contas externas dos países emergentes. 

Depois, a recomendação para evitar sair de casa afeta significativamente os negócios. Em países emergentes e desenvolvidos, a maior parte da população mora em cidades e depende do setor de serviços que representa uma atividade econômica importante. 

Conhecimento para apostas assertivas

Até agora, todos os argumentos e circunstâncias parecem refletir mais um cenário pessimista. No entanto, não é bem assim. Pelo contrário, apesar da maioria das projeções não serem boas, isso não significa que não exista otimismo dentro da atual realidade.

O conhecimento geral de todas as análises traz aprendizado colaborativo e possibilita apostas mais assertivas. Sem ele, as chances de acertos acabam sendo menores. Quem investe tempo entendendo o comportamento dos ativos e a relação com as variáveis econômicas têm melhores condições para tomada de decisões. 

A verdade é que o horizonte dos investimentos é o futuro. E isso não é ruim. Aos poucos, os efeitos da pandemia serão diluídos e os bons investimentos alcançaram desempenho positivo. Essa visão é compartilhada por alguns economistas. É o caso de Rob Arnott, presidente da Research Affiliates, uma empresa de assessoria de investimentos e gestão de recursos. 

Ele é um dos que de enxergam os investimentos como uma corrida de longo prazo. Também é especialista em “smart beta” (beta inteligente, em tradução livre), estratégia que visa o conceito de busca por lucro sem correr riscos exagerados, basicamente explorar as ineficiências do mercado. 

Ou seja, sob essa lógica e tendo em vista o cenário em que vivemos, a tendência é que aconteça descontos no valor de ações de boas empresas, em um momento em que existe aversão aos riscos.

Fatores e temas que redefinem o cenário de investimentos

A pandemia de coronavírus deixará alguns legados ao mesmo tempo em que redefine a sociedade, os mercados e a geopolítica. As decisões acabarão sendo guiadas por fatores relacionados a esses aspectos que podem ser vistos como agentes de mudanças.

Depois dos dramas econômicos dos países, a geopolítica e globalização, aos poucos, altera o direcionamento de seus olhares, a ótica acabará sendo mais para dentro. Dessa forma, vale considerar o apoio aos produtores locais, mais barreiras ao comércio exterior e simplificação das cadeias de produção com maior atenção à tecnologia e privacidade de dados.

Falando em tecnologia, o domínio dela trará vantagens aos investidores do ponto de vista de atração e competitividade. Nesse ponto, basta considerar alguns exemplos, como o crescimento do trabalho remoto, avanço do streaming e comércio eletrônico. 

Outro aspecto para considerar são as pessoas e setores mais afetados. Normalmente, onde os impactos são maiores as possibilidades também aumentam. Em relação à população, os jovens são um dos atingidos no momento em que deveriam ser protagonistas no mercado de trabalho e consumo.

Utilizar essa camada da sociedade como exemplo traz outros benefícios. O fato deles serem o grupo com maior potencial para adaptação às novas condições, simplesmente por terem nascido em uma era tecnológica. Tendo isso em mente, as empresas que entenderem melhor essa geração estarão em vantagem na captação de investimentos. 

Sobre os setores atingidos, uma das lembranças quase que imediata remete aos sistemas públicos de saúde e os investimentos necessários. Depois da pandemia, eles sairão fortalecidos com oportunidades para medicina preventiva e tecnologia aplicada à saúde. 

 Conheça as tendências para os investimentos

Para contextualizar os fatores que influenciarão as tendências para os investimentos, algumas respostas são encontradas em padrões de comportamentos rotineiros outras vêm por meio de pesquisas e estudos. O banco suíço Credit Suisse é uma das organizações que acompanha essas intervenções. 

Pelo terceiro ano consecutivo, a instituição divulga o relatório “Superpotências para os Investimentos”.  Agora, o diferencial é momento de crise vivido pela pandemia. O estudo  aborda os temas considerados com potencial para valorização no futuro. Ao todo, são seis assuntos principais. A partir deles, é feita a seleção de ações de empresas listadas no mundo inteiro que estão preparadas para impulsionar as mudanças.

A primeira análise é sobre o descontamento popular permeando as questões locais, principalmente a desigualdade. Nesse aspecto, uma das empresas para manter no radar são as que oferecem soluções para redução de itens básicos, como saúde e habitação. 

Outro grupo, são as que oferecem  requalificação e aprimoramento da qualificação dos trabalhadores. Por último, empresas que ajudam a aprimorar a segurança e proteção dos cidadãos. 

A segunda abordagem relembra os investimentos em infraestrutura em uma fase de crescimento com urbanismo acelerado e outros catalisadores na esfera regulatória e política.

Concessionárias de serviços públicos e operadoras de infraestrutura no setor de transporte são uma das empresas para prestar atenção. Além delas, provedores de soluções de tecnologia movida a dados e fornecedores de equipamentos de infraestrutura para a implementação de 5G.

O terceiro tema aborda a tecnologia a serviço das pessoas. Com o coronavírus, a atratividade desse setor só aumenta. Empresas de equipamentos de telecomunicação que oferecem manutenção e implementação de 5G, softwares, serviços de TI para automação industrial e provedores de plataforma de internet com inovação para os negócios tradicionais, como saúde e agricultura.

Não podia faltar o setor de saúde com tecnologia para aprimorar a execução em áreas como diagnóstico e desenvolvimento de aparelhos médicos.

O quarto item refere-se aos investimentos no envelhecimento da população. Vale lembrar de empresas biofarmacêuticas, de tecnologia médica e biologia. Prestadores de serviços e operadores de residenciais para idosos e operadoras de planos de saúde. Além das empresas do setor de consumo concentradas nas necessidades básicas.

O quinto item é chamado de “valores para geração do milênio”, ou seja, aquela atenção para os mais jovens, a geração Z e millennials. Nesse abordagem, a resposta é sustentabilidade e a transição para economia circular.

Aqui, são consideradas empresas com altos padrões ambientais, sociais e de governança, sites de mídia social, e-commerce, serviços de internet, plataformas de streaming, além dos setores de diversão, saúde e lazer, como jogos e esportes eletrônicos.

O último item acrescentado, neste ano, é o de mudanças climáticas. O fechamento da economia causada pela quarentena reduz as emissões de gases de efeito estufa geradas pela humanidade em diversas regiões.

Ou seja, as empresas que contribuírem para uma transição mais sustentável onde exista menor emissão de carbono serão mais competitiva. Entre as que devem chamar a atenção, as de energia renováveis, fabricantes de automóveis com veículos elétricos e fornecedoras de tecnologia de captura de carbono. 

Os empreendedores e os investimentos durante a crise

Também na contramão das apostas pessimistas existem os novos registros de microempreendedor individual (MEI). Em abril, o número ultrapassou a casa de 10 milhões no país, o que representa um crescimento de 1,2% sobre março. 

Começar a empreender durante uma crise pode parecer loucura ou não ser o melhor momento. No entanto, investir em um negócio ainda é uma opção seja pela necessidade ou por uma aposta no inusitado. Atualmente, as novas demandas do mercado indicam áreas para empreender e perfis dessas pessoas. 

Um dos grupos são os desempregados que se veem, praticamente, forçados a abrir um negócio. É o chamado empreendedorismo por necessidade. Outra parcela da população já tem a sua empresa, mas precisa fazer algumas reinvenções criativas, neste período de adaptações. Por último, ainda sobra espaço para os aspirantes. Com dinheiro para investir, eles podem captar as mudanças de hábito da população e tendências de consumo, assim escolher uma área de atuação. 

Independentemente do perfil, um dos pontos importantes que pode garantir o sucesso é o diferencial. Conversar com possíveis clientes e entender as carências da região em que está instalado ou vai se instalar é um dos estudos de mercado. 

As outras possibilidades vêm de um movimento de observação das circunstâncias. Muita gente vai preferir ficar mais em casa, negócios que tornem a vida mais prática representam uma vantagem competitiva.  As vendas à distância são uma das facilidades.

Sugestões para uma vida mais saudável são uma referência. Além de serviços médicos ou seguros de saúde, a tendência é mais busca por alimentação orgânica, exercícios físicos e tratamentos, como fisioterapia e limpeza de pele.

Na prática: os investimentos durante e depois da crise

Ter conhecimento e direcionamento certos ajudam que a experiência no mundo dos investimentos seja mais prazerosa e, principalmente, rentável. O momento deve ser visto para os investidores muito além de um período de incertezas, mas uma época de revolução na forma de cuidar do próprio dinheiro.

Até agora, as imprecisões só mostram que antes de qualquer resposta pronta é necessário análise de dados e conhecimento. A melhor alternativa depende do perfil de cada pessoa e disposição ou dinheiro suficiente para riscos.

As opções de investimento variam, entre elas ativos estruturados, ações e fundos, títulos do governo, poupança e CDB. A Bolsa de Valores e Fundos de Investimentos são os que mais possuem oscilação, neste período. Já os investimentos de renda fixa são os mais seguros em épocas de instabilidade. Embora não seja um dos investimentos mais rentáveis, a renda fixa é a mais segura no momento.

Enfim, em tempos de crise, a chave para um bom investimento é a informação. Depois disso, o investidor precisa conhecer o seu perfil de risco. A melhor carteira é influenciada por inúmeros fatores. 

A maior parcela prefere aplicações conservadoras. Já investidores mais experientes podem enxergam a queda dos preços dos ativos como promoções. É a visão de longo prazo de analisar quais empresas podem valorizar no futuro sem se basear no presente. 

Em geral, a recomendação é cautela, principalmente no que se fala em reserva emergencial, justamente o que poderia ter ajudado muitas empresas e famílias que já tivessem esse hábito antes da crise. Talvez, a população se conscientize disso depois da pandemia. 

Em tempos normais, os planejadores financeiros recomendam guardar o valor equivalente de despesas de três a seis meses. Agora, é bom considerar a soma de 12 meses para colocar em uma aplicação que possa ser acionada a qualquer momento, como a poupança ou um fundo de renda fixa de liquidez diária. Se as contas não estão fechando, renegociar as despesas é uma alternativa para mais tranquilidade.

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